Durante o encerramento do 18.º Encontro Nacional do Poder Judiciário, o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, abordou os impactos da revolução tecnológica no cotidiano, especialmente no Judiciário. Sob o tema “Tecnologia, comunicação e sustentabilidade: caminhos para o futuro do Judiciário”, Barroso destacou que a evolução tecnológica traz oportunidades de desenvolvimento, mas também exige cautela para que seus riscos não superem os benefícios.
O ministro apontou que tecnologias como biotecnologia, nanotecnologia e inteligência artificial estão moldando as relações humanas, desde o consumo até o trabalho e a comunicação. Ele ressaltou que a internet, como um dos maiores agentes dessas mudanças, desempenha papel ambivalente: democratiza o acesso à informação, mas também propaga fake news e discursos de ódio. “Os algoritmos das plataformas digitais reforçam crenças pré-existentes, criando bolhas informativas que dificultam o diálogo entre diferentes pontos de vista”, afirmou.
Barroso também enfatizou os desafios enfrentados pelos meios de comunicação tradicionais, que sofrem com a migração da publicidade para plataformas digitais. Ele apontou que temas como regulação, proteção de dados e tributação das plataformas estão no centro das discussões globais.
Apesar dos impactos negativos, Barroso destacou o potencial positivo das plataformas digitais para criar um ambiente mais plural e conectado. Para ele, a regulação responsável é fundamental para preservar a liberdade de expressão, ao mesmo tempo em que combate o caos informacional. “Vivemos um tempo no qual teremos de estabelecer que mentir é errado – de novo”, disse o ministro.
Outro ponto central de sua palestra foi o impacto da inteligência artificial (IA), comparada por ele a grandes invenções históricas como o fogo e a eletricidade. Barroso afirmou que a IA pode transformar radicalmente a vida humana, aprimorando decisões judiciais, auxiliando em diagnósticos médicos e eliminando barreiras linguísticas. No entanto, alertou para os riscos associados ao uso indevido, como deep fakes e sistemas bélicos autônomos.
Para enfrentar esses desafios, Barroso defendeu a criação de um código de ética para a inteligência artificial e a regulamentação das plataformas digitais. Ele argumentou que mecanismos de controle são indispensáveis para garantir que as inovações tecnológicas sejam usadas para promover o bem coletivo, em vez de ampliar desigualdades ou fomentar conflitos. “A tecnologia deve ser um instrumento de progresso, não uma ameaça à civilidade e à justiça”, concluiu.
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