A sucessão na OAB-DF esquenta com a confirmação de que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), está fazendo campanha antecipada para o advogado Cleber Lopes, pré-candidato a presidente da Seccional da Ordem no DF.
Em vídeo que circula entre advogados, durante almoço realizado ainda no mês de junho, em Taguatinga, Ibaneis Rocha dispara aos presentes:
“Lembrando aos advogados que este ano temos eleição de Ordem e temos responsabilidade com os advogados do Distrito Federal. Por isso, o voto tem que ser em Cleber Lopes. Então, vocês cuidem disso”, ordena o governador.
A fala de Ibaneis fere frontalmente o Provimento eleitoral 222/2023, do Conselho Federal da OAB. O artigo 16 da resolução que regula as eleições do Sistema OAB diz que “é vedada a campanha antecipada, caracterizada por pedido explícito ou implícito de voto, ou indicação de candidatura futura ou pré-candidatura vinculadas ao nome de candidato(a) ou de movimento, ao lema futuro de chapa ou ao grupo organizador”.
Uma fonte da JuriNews revelou que o Governo do DF tem em seus quadros cerca de 4 mil advogados e advogadas lotados em diversos órgãos da capital federal.
Antes de ser governador, Ibaneis Rocha fez carreira na advocacia e chegou a ser presidente da OAB-DF no período de 2013 a 2015.
O pré-candidato Cleber Lopes sempre acompanhou o grupo de Ibaneis na OAB-DF, chegando a ser diretor da Seccional, e atuou recentemente na defesa do governador no inquérito sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, no Supremo Tribunal Federal (STF).
REAÇÃO DO PRESIDENTE DA OAB-DF
Após tomar conhecimento do vídeo, o atual presidente da OAB-DF, Delio Lins e Silva Jr, rechaçou a declaração do governador.
“Recebi com a absoluta surpresa o vídeo em que o chefe do nosso Executivo local se posiciona em relação as eleições da OAB-DF que ocorrerão em novembro, pedindo o voto, o que é vedado pelo nosso provimento, a determinado candidato. Eu quero deixar claro aqui um registro: nós somos uma OAB independente, somos uma OAB que é parceira do governo, parceira das instituições nos bons projetos, mas que tem a independência suficiente para apontar os dedos quando as coisas não estão caminhando bem. E é com essa mesma independência que nós garantimos a atuar até o dia 31 de dezembro e quando chegarem as eleições cada advogado e advogada terá sua liberdade para decidir pelo nome que achar o mais apropriado para dar seguimento aos caminhos da OAB, mas até o dia 31 de dezembro essa independência será garantida. A OAB não tem dono, a OAB é da advocacia, o partido da OAB é a advocacia e a nossa missão é defender a Constituição Federal”, disse Delio Lins e Silva Jr.
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