O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, prestou depoimento nesta quarta-feira (21) à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Em seu depoimento, Baptista Júnior confirmou a realização de reuniões com o objetivo de planejar a ruptura institucional e relatou que uma minuta com teor golpista foi apresentada aos comandantes das Forças Armadas. Ele afirmou ainda que, durante uma dessas reuniões, foi feito um “brainstorming” e chegou-se a cogitar a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O depoimento durou cerca de 1h20 e foi conduzido por integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e por advogados de réus na ação. Entre os ministros da Primeira Turma do STF, apenas Luiz Fux fez perguntas.
Um dos trechos mais incisivos do depoimento ocorreu quando Baptista Júnior reafirmou que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, teria ameaçado prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso este insistisse em levar adiante o plano de golpe.
“Confirmo, sim, senhor. O general Freire Gomes é uma pessoa educada, não falou com agressividade. Mas disse com calma e tranquilidade: ‘Se você tentar isso, eu vou ter que lhe prender’. Foi isso que ele falou”, afirmou.
Freire Gomes, que também depôs ao STF na segunda-feira (19), negou ter feito tal declaração. “Alguns veículos relataram que eu teria dado voz de prisão ao ex-presidente, mas isso não aconteceu”, disse na ocasião. Apesar da negativa, Baptista Júnior reiterou que a conversa ocorreu em uma reunião no Palácio do Planalto.
O ex-comandante da Aeronáutica também reforçou sua oposição à chamada “minuta do golpe”, supostamente elaborada para manter Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas urnas. Segundo ele, o documento foi apresentado em uma reunião no Ministério da Defesa, em novembro de 2022, e tinha como objetivo impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com seu relato, o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, foi quem levou o texto para ser analisado pelos chefes militares. Ao perceber o conteúdo do material, Baptista Júnior disse que se recusou a receber o documento e abandonou a reunião.
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