”Caro demais”: Prefeito eleito no Ceará tem posse suspensa após queixa sobre ‘preço’ do voto

”Caro demais”: Prefeito eleito no Ceará tem posse suspensa após queixa sobre ‘preço’ do voto

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Carlos Alberto Queiroz, conhecido como ‘Bebeto do Choró’, prefeito eleito de Choró, no Ceará, teve sua posse suspensa pela Justiça Eleitoral nesta quarta-feira, 1º de janeiro. O município, com cerca de 12 mil habitantes e localizado a 185 quilômetros de Fortaleza, vive um impasse após o político do PSB ser alvo de investigações que apontam compra de votos e abuso de poder econômico.

A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público do Ceará, fundamentado em provas obtidas pela Polícia Federal, incluindo áudios atribuídos a Bebeto. Em uma das gravações, ele teria reclamado do alto custo para garantir votos, afirmando: “Mas só para votar… ele é doido, é caro demais, mano… ele consegue quantos votos?”. O diálogo ocorreu em setembro, pouco antes do primeiro turno das eleições.

As investigações fazem parte das operações ‘Ad Manus’, conduzida pela Promotoria, e ‘Vis Occulta’, da Polícia Federal. Os diálogos interceptados pela PF também indicam que o esquema de compra de votos se estendia a outras localidades, envolvendo a lavagem de dinheiro de emendas parlamentares e citando o deputado Júnior Elmano (ex-PL), o que levou parte do caso ao Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes.

Além de Bebeto, o vice-prefeito eleito, Bruno Juca Bandeira (PRD), também teve a posse suspensa. Mesmo com a ausência física na cerimônia de diplomação, ocorrida em dezembro, Bebeto foi representado por procuração, com seu filho comparecendo ao Tribunal Regional Eleitoral para evitar sua prisão.

Com a suspensão, a prefeitura foi assumida interinamente pelo vereador Paulo George Saraiva (PSB), conhecido como ‘Paulinho’. A cerimônia foi transmitida ao vivo pelas redes sociais, e o novo prefeito interino destacou que a decisão judicial representa um momento de transição e responsabilidade para o município.

De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, Bebeto e sua irmã Cleidiane de Queiroz Pereira utilizavam empresas controladas por eles e “laranjas” para movimentar recursos e financiar a compra de votos. Entre os benefícios oferecidos estavam dinheiro em espécie, gasolina, quitação de débitos e outros favores em troca de apoio político.

Um dos diálogos interceptados revela um interlocutor relatando que um eleitor pediu ajuda para regularizar a documentação de sua moto em troca de apoio a Bebeto. O prefeito eleito teria concordado em oferecer R$ 400 para garantir dois votos. Em outro momento, Bebeto encaminhou um comprovante de transferência de R$ 500 e prometeu mais R$ 100 para gasolina, demonstrando o detalhamento do esquema.

Além da suspensão das posses, as investigações seguem em curso, abrangendo mais de 51 prefeituras e possíveis irregularidades envolvendo outros agentes públicos. Bebeto, em nota divulgada anteriormente, declarou sua inocência e alegou perseguição política.

Confira trechos de investigação da PF sobre o prefeito:

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