O juiz Sandro Nunes Vieira, afastado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por suspeita de envolvimento na campanha para desacreditar as urnas eletrônicas em 2022, também teria auxiliado investigados a monitorar os deslocamentos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Citado no relatório da Polícia Federal (PF), Vieira não foi indiciado nem denunciado pela Procuradoria-Geral da República. No entanto, Moraes determinou a abertura de um procedimento criminal separado contra o magistrado, que tramita sob sigilo. O escritório de advocacia que representa o juiz informou que não comenta casos em que atua.
Vieira integrou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2019 e 2022 e foi auxiliar da Presidência da Corte durante a gestão de Luís Roberto Barroso. Em 2020, a ministra Rosa Weber o indicou para compor o Programa de Enfrentamento à Desinformação.
De acordo com a PF, ele teria atuado “de forma ilegal e clandestina” ao assessorar o Partido Liberal (PL) na representação eleitoral contra as urnas eletrônicas. A investigação aponta que o juiz ajudou o Instituto Voto Legal a elaborar o documento que fundamentou a ação do PL no TSE, que buscava a anulação de votos registrados em urnas eletrônicas fabricadas antes de 2020.
Em novembro de 2022, Vieira teria enviado mensagem ao coronel Marcelo Câmara, auxiliar de Jair Bolsonaro, pedindo que ele alertasse Valdemar Costa Neto para não associá-lo ao pedido do partido. No entanto, Costa Neto citou o juiz em uma entrevista em São Paulo como um dos interlocutores sobre o tema. Na época, Vieira negou qualquer contato com o presidente do PL sobre as urnas.
As investigações indicam que sua participação pode ter ido além da questão das urnas eletrônicas. Em delação premiada, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou que Marcelo Câmara obtinha informações sobre os deslocamentos de Moraes por meio de um “ministro” do TSE, cujo nome não soube identificar. Segundo Cid, essa mesma pessoa auxiliava o Ministério da Defesa na elaboração de documentos que solicitavam informações ao TSE sobre o processo eleitoral.
Em depoimento de novembro do ano passado, Moraes corrigiu a informação: “Não é um ministro, é um juiz que já identificamos”. Sete dias depois, ele determinou a abertura de investigação criminal contra Vieira. O juiz foi afastado preliminarmente pelo corregedor-nacional de Justiça, Mauro Campbell, e a decisão foi mantida pelo plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O processo disciplinar segue sob sigilo.
Cid declarou que “um dos contatos de Marcelo Câmara era um juiz do TSE” e que ele auxiliava as Forças Armadas na elaboração de documentos enviados ao ministro Alexandre de Moraes. Apesar de afirmar desconhecer a identidade do magistrado, a PF interceptou uma mensagem de Câmara a Cid mencionando “Dr. Sandro”.
A delação também aponta que o monitoramento de Moraes teria sido solicitado inicialmente por Rafael Oliveira e Hélio Ferreira Lima, conhecidos como “kids pretos”. Ambos são investigados por envolvimento na operação “Copa 2022”, que, segundo a PF, pretendia prender e assassinar o ministro do STF.
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