Em áudio, empresário reclama de repasse a desembargador de Alagoas: “Valor da p*”

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Em áudios gravados durante uma reunião, empresários e políticos reclamaram do “alto valor” cobrado por promotores e desembargadores do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL). A conversa foi registrada por um dos presentes, sem o conhecimento dos demais, na Câmara Municipal de Coruripe (AL). Nela, o grupo detalha a suposta partilha dos valores da venda da safra de cana-de-açúcar para a massa falida de uma agroindústria local.

Nos áudios, o empresário e ex-prefeito de Junqueiro (AL), José Raimundo de Albuquerque Tavares, e Joaquim Beltrão, ex-deputado federal e ex-prefeito de Coruripe, discutem a quantidade de pessoas “comendo” dinheiro com o bilionário processo de falência da Laginha Agroindustrial. Avaliada em R$ 3 bilhões, a empresa tem uma dívida de aproximadamente R$ 4 bilhões. A massa falida, pertencente ao falecido empresário João Lyra, inclui três usinas de açúcar e etanol.

Em um dos áudios, Joaquim Beltrão comenta sobre a influência de promotores e desembargadores no processo, mencionando o medo de represálias caso tentassem resolver a situação. Raimundo Tavares completa: “Muita gente comendo demais. É o promotor, é o administrador, é o povo de São Paulo, aí é Sandro, aí é desembargador, é filho de desembargador. Quando soma, é um valor da p*rra. É por isso que fica caro.” No entanto, não foram citados nomes específicos dos envolvidos.

A Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Alagoas nomeou dois promotores para apurar o conteúdo da gravação, que data de 21 de outubro de 2022 e foi anexada ao processo de falência da Laginha no TJ-AL. A cada ano, administradores da massa falida vendem a cana produzida nas terras da Laginha para outras usinas, uma vez que as unidades estão inutilizadas por falta de manutenção.

O caso ganhou atenção após 13 dos 17 desembargadores do TJ-AL se declararem impedidos de atuar no processo. Posteriormente, quatro magistrados reconsideraram e decidiram julgar o bilionário processo de falência. Entre eles estão Domingos de Araújo Lima Neto, Elisabeth Nascimento, Fábio José Araújo e Paulo Barros da Silva Lima. Assim, o TJ-AL decidiu que a ação continuará com o Judiciário alagoano.

O ponto central está na ocupação ilegal das terras da Usina Guaxuma, pertencentes à Laginha. Em setembro de 2022, a administração da massa falida lançou edital para a venda de 229 mil toneladas de cana, com receita estimada em R$ 34,7 milhões. A única indústria a aceitar a proposta foi a Impacto Bioenergia, que se comprometeu em comprar a cana dos invasores, pagando duas vezes pelo produto.

Uma planilha no processo revela que a área cultivada foi quase o dobro do previsto, gerando R$ 67,3 milhões. Do total, apenas R$ 6,1 milhões foram recebidos pela Laginha após descontos, enquanto R$ 61,3 milhões teriam sido divididos entre os envolvidos, denominados “gangue” na gravação.

Redação, com informações do Metrópoles

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