Prestes a concluir seu mandato de presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Sydney Sanches destaca o protagonismo da instituição fundadora da OAB com mais de 180 anos de existência.
Em entrevista à JuriNews, Sanches pontua o trabalho que foi feito em sua gestão e diz que espera que o processo sucessório em curso no IAB termine com o fortalecimento da instituição. Ele não será candidato à reeleição e as eleições acontecerão no
Confira a seguir:
Ao completar 180 anos, o IAB reforça seu papel de protagonismo. Qual a importância do Instituto para a advocacia e a sociedade brasileira?
O IAB sempre esteve na centralidade de todos os debates e lutas relativos à advocacia e à democracia brasileira. Somos instituição fundadora da OAB, associada à defesa do papel constitucional da advocacia no âmbito do sistema de justiça, comprometida com a construção do País, a cultura jurídica, os direitos humanos, a dignidade das pessoas, o meio ambiente e o fortalecimento de nossa democracia social. Nunca transigimos com esses princípios e isso nos legou uma instituição historicamente forte, consistente e sempre integrada umbilicalmente aos seus primados ao longo dos seus 181 anos.
Qual o balanço da sua gestão à frente do IAB? Quais foram as principais conquistas e avanços?
A pergunta justificaria um volume de dados e informações, que não comportariam neste espaço, mas, resumidamente, podemos assegurar que o IAB avançou muito em sua representatividade nacional e internacional; ampliou suas alianças com a academia; consolidou a sua Escola Superior; modernizou seus espaços e seu modelo de atuação; interagiu com diversos setores do cenário cultural e do pensamento crítico; reafirmou sua independência; foi protagonista na defesa da democracia, em especial nos seus momentos recentes mais duros, decorrentes dos ataques sofridos por nossa institucionalidade constitucional; foi inclusivo; pautou a diversidade; ampliou sua comunicação; atuou na defesa das liberdades; entendeu e se manifestou sobre os reclamos da sociedade brasileira; e muito prestigiou o seu quadro social. Uma gestão plena e comprometida com a independência de posicionamento e livre de qualquer proselitismo político.
O processo sucessório no IAB já foi iniciado. O que o senhor espera da futura gestão?
Compete a próxima gestão a reafirmação dos nossos compromissos estatutários diante dos desafiadores tempos que se avizinham e a certeza de que a alternância de nossa representação – princípio consagrado no Estatuto, a fim de privilegiar o quadro qualificado do IAB – seja cumprida em seus propósitos filosóficos, tendo como consequência a ratificação do papel histórico e independente do IAB, na perspectiva de que a renovação representa estar navanguarda do Direito, sempre associado às nossas tradições quase bicentenárias. O IAB possui um único espaço no cenário do sistema de justiça nacional, das instituições jurídicas e no CFOAB, sendo inadmissível uma percepção pública dúbia, que indique subordinação de qualquer espécie. Os desafios da quadra histórica global envolvendo as democracias, os direitos fundamentais e o impacto tecnológico, não irão admitir um tratamento provinciano dissociado da compreensão do flagrante reflexo que o cenário internacional terá sobre o Brasil. Caberá ao próximo presidente efetiva liderança direta e sem delegação no plano nacional e perante as instituições jurídicas internacionais. Pensar o Brasil sem pensar no seu papel global significará um retrocesso institucional. A qualidade consultiva do IAB nos espaços públicos onde transita, no âmbito da advocacia, dos Três Poderes da República e perante a comunidade internacional, jamais poderá admitir claudicância em sua representatividade, pois sua independência é um predicado único e raro, que precisa ser preservado em favor da sociedade brasileira. O meu sucessor precisará de autonomia para promover a ampla articulação direta e protagonista de todos esses atores.
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