Celso Vilardi, recém-integrado à defesa de Jair Bolsonaro, assume a liderança jurídica do ex-presidente com um histórico de declarações críticas em relação aos episódios do 8 de janeiro de 2023 e ao golpismo.
Em entrevista, Vilardi reconheceu ontem sua postura firme sobre o tema. Ele afirmou que assinou manifestos em defesa da democracia e declarou que os ataques à Praça dos Três Poderes não poderiam ser encarados como “um passeio no parque”.
Menos de dois meses antes de assumir a defesa de Bolsonaro, em entrevista à revista Veja, o advogado afirmou que considerava “indiscutível a existência de uma organização criminosa” por trás dos atos investigados pela Polícia Federal, sob supervisão do ministro Alexandre de Moraes. Vilardi também declarou haver “indícios consistentes contra as pessoas indiciadas” pela PF, incluindo, à época, “o presidente da República”.
Agora representando Bolsonaro, Vilardi ajustou seu posicionamento. Segundo ele, após revisar os autos do processo, não identificou evidências que apontassem responsabilidade direta do ex-presidente na tentativa de golpe.
No entanto, membros do grupo bolsonarista veem risco de que as declarações anteriores do advogado sejam usadas pela acusação, representada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ou mesmo pelo ministro Alexandre de Moraes, para comprometer sua atuação técnica na defesa.
Vilardi também alterou a avaliação sobre a condução da investigação pela Polícia Federal. Antes, ele descartava reduzi-la a uma “perseguição política”. Agora, já na defesa de Bolsonaro, classificou o trabalho da corporação como “enviesado”. A equipe jurídica do ex-presidente será composta por Vilardi e Paulo Cunha Bueno, que já atuava no caso.
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